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Perda de mercado nos EUA preocupa exportadores


A redução de 10% na tarifa de importação cobrada pelos Estados Unidos sobre cerca de 200 produtos alimentícios comercializados com todo o mundo representa um "passo importante" para o governo brasileiro, como disse o vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, na manhã de ontem. Apesar disso, alguns setores ainda são onerados com uma alíquota de 40%, a partir da decisão do último mês de julho, como é o caso do café e da carne bovina, e sofrem com a perda de competitividade, sobretudo em relação ao primeiro caso.

O café ficou de fora da lista de exceções anunciada pelos EUA para conter efeitos inflacionários negativos aos norte-americanos. Entre os itens que entraram nessa regra, estão desde celulose e suco de laranja a minério de ferro e peças de aeronaves. Apesar da redução de 10% na tarifa em vigor, o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, explica que o setor ficou muito preocupado com essa nova medida do presidente Donald Trump. A explicação disso é que, enquanto a alíquota do produto brasileiro passou de 50% para 40%, os principais concorrentes do país, como Colômbia e Vietnã, tiveram a tarifa zerada por meio do mesmo decreto. 

"Quando nossos concorrentes passaram a ocupar o espaço do Brasil, o consumidor norte-americano já começa a se adaptar a esses novos parâmetros sensoriais, a esse novo paladar. Então, quanto mais tempo a gente seguir com essa perda de competitividade, pior é. E a gente pode ter algo irreversível, porque o consumidor vai se adaptar a esses novos parâmetros sensoriais", esclarece Marcos Mota.

No último mês de agosto, as exportações de café brasileiro para os EUA tiveram uma retração de 46%. O movimento continuou nos períodos seguintes, com queda de 52,8% em setembro e 54,4%, em outubro, de acordo com dados levantados pela Cecafé. Além do impacto da medida, o setor também amargou uma colheita mais fraca em 2025, como lembra o diretor da entidade. O volume de exportações de janeiro a outubro é 20% menor na comparação com o mesmo período do ano anterior.

"Produto a produto"

Diante disso, o setor espera que o governo brasileiro, por meio do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, negocie "produto a produto" as isenções de tarifa de importação, e não um possível adiamento das taxas, como indicam algumas fontes do governo sobre as negociações entre os dois países.

"O Brasil, quando tiver uma safra melhor - e é esperado isso para 2026 -, não vai ter o nosso principal mercado. Então, a gente tem que correr contra o tempo, pedindo ao governo brasileiro, em nome do vice-presidente Geraldo Alckmin, para ter uma negociação célere, voltada para os produtos. Não aquela negociação protocolar, uma isenção de 100% para 90 dias, por exemplo", destaca.

A situação também não é fácil para os consumidores norte-americanos. Com as tarifas em vigor, o preço do café nos EUA ficou cerca de 20% mais caro em 2025, na comparação com o ano anterior. "Então, essa é a nossa situação: muita preocupação, prejuízos, contratos em aberto, contratos cancelados, contratos postergados e o nosso concorrente assumindo a nossa posição no mercado norte-americano", acrescenta Matos. A entidade brasileira mantém contato diário com a National Coffee Association (NCA) - que representa os comercializadores do produto nos EUA - para tentar uma negociação individual com o governo norte-americano.

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) lamentou a exclusão do produto da lista de Trump. "Tal situação, de manutenção de elevada posição tarifária imposta ao Brasil, amplia as distorções no comércio e tende a intensificar, no curto prazo, a queda nas exportações de cafés especiais aos Estados Unidos", comentou a associação.

Impacto nas carnes

Para o setor de carnes, apesar do forte crescimento das exportações para o resto do mundo neste ano, o setor deixou de arrecadar US$ 700 milhões de agosto a outubro, somente com a perda das vendas para os EUA. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), que apontam uma receita de US$ 1,89 bilhão no mês passado, o que representa uma alta de 37,4% em relação ao mesmo período de 2024.

Apesar disso, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne avaliam que a redução não traz prejuízo ao setor no Brasil. "Mesmo com tarifas muito altas, o Brasil manteve embarques para os EUA porque hoje há uma forte demanda americana por matéria-prima para a indústria, e poucos países conseguem suprir esse volume com regularidade. Além disso, o produto brasileiro não compete diretamente com Austrália, Canadá ou México no varejo americano", explica, em nota, a entidade, que vê qualquer redução neste momento como bem-vinda.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, a decisão dos EUA de reduzir as tarifas para esse grupo de alimentos expõe a urgência de o Brasil avançar na negociação para reverter a taxa de 40% aplicada aos produtos brasileiros. "Países que não enfrentam essa sobretaxa terão mais vantagens que o Brasil para vender aos americanos. É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras", comenta.

Fonte: correiobraziliense